Obra discute questões de gênero e tecnologia. Lançamento contará com várias atrações, como: trilha sonora inspirada em grandes filmes de ficção científica, desafio literário com premiação, apresentação do livro e sessão de autógrafos.
Graduada em Letras e em Direito, mestra em Cultura e Sociedade e atualmente servidora da Universidade Federal do Maranhão, Thais Fonseca Nunes realizará, no dia 25 de maio, às 19h, no Ludorama, no bairro Renascença, o lançamento do seu livro intitulado “Meio-Norte 2B84”. A obra, de caráter distópico (gênero da ficção científica), traz uma discussão sobre como os dados atualmente integram a nossa memória e como eles podem servir para legitimar narrativas de desigualdade e opressão. A pré-venda será feita no dia 20 de maio por meio do site da editora Oito e Meio.
Meio-Norte é um romance que debate temas contemporâneos e é indicado para quem gosta de temáticas que envolvem ficção científica e conhecer sobre o mundo contemporâneo da tecnologia. A história nos apresenta Lis, uma meta-humana muito eficiente, desenvolvida por uma corporação de tecnologia especializada em inteligências artificiais para o ambiente doméstico. Ela está há anos na casa da família Cantanhedes, da qual já se sente parte. Mas, quando algo ameaça essa união e Lis corre o risco de ter sua memória apagada, a robô vai para o Meio-Norte impedir que isso aconteça.
Thais relata que a história surgiu de um incômodo em relação às características das assistentes virtuais que dominam nossas rotinas: “Eu tinha muita vontade de escrever uma história do ponto de vista de uma inteligência artificial baseada em um recorte de gênero, afinal as assistentes virtuais mais famosas são mulheres”, apontou.
Para começar seu primeiro romance, ela teve um impulso de observar a IA nas sua rotina. “Na UFMA, meu trabalho é no setor de inovação, e lido todos os dias com esses processos, especialmente na área da tecnologia. E percebi um incômodo em relação à presença de mulheres nessa área. Por que as assistentes virtuais presentes nas nossas vidas são, no geral, femininas?”
Siri da Apple, Alexa da Amazon e Cortana da Microsoft, são uns dos exemplos citados pela autora para exemplificar caracterizações estereotipadas aos aplicativos que existem por várias razões históricas e culturais. Segundo ela, essas estão presentes na voz, no nome e em toda a construção de personalidade desses serviços. “Por que elas são mulheres? Ou o estereótipo do que pensamos ser uma mulher? Por que a tecnologia reforça esse papel servil das mulheres em um contexto que deveria ser inovador?”, instigou a autora.
Thais comenta sobre sua estreia na ficção. “Esse é meu primeiro romance, por isso o lançamento vai ser um momento para falar um pouco de como foi esse processo de entrada na ficção e em especial dentro da ficção especulativa, que é o gênero que hoje eu trabalho. Espero contar com os amigos e com a comunidade maranhense para falar da força da ficção especulativa e da presença de mulheres escrevendo esse gênero”.
Saiba Mais
A ficção especulativa é um gênero literário que abrange um conjunto de narrativas que trazem questionamentos sobre o que é o natural e o sobrenatural, ligada as narrativas fantásticas. O gênero se concentra em criar mundos alternativos, futuros imaginários ou realidades paralelas, onde eventos, tecnologias ou sociedades são diferentes do que conhecemos. O objetivo é refletir sobre questões sociais, políticas, éticas e filosóficas por meio de cenários imaginários. Existem várias obras famosas no campo desse gênero, entre elas “1984” por George Orwell (1949) e “Duna” por Frank Herbert (1965).
Por: Karla Costa
Produção: Alan Veras
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